VENÂNCIO MONDLANE AFIRMA QUE ACEITARIA ASSUMIR O CARGO NO CONSELHO DE ESTADO SOB CONDIÇÃO DE QUE AS “MEDIDAS” SEJAM BENEFICOS PARA O POVO MOÇAMBICANO
Em uma entrevista exclusiva ao programa Balanço Geral, transmitido pela TV Miramar e conduzido por Jorge Matavel, o presidente eleito pelo povo moçambicano, Venâncio Mondlane, afirmou que só tomará posse no Conselho de Estado caso as condições ou medidas de governança em Moçambique atendam aos interesses da população.
O líder carismático do povo, não poupou palavras ao esclarecer sua posição sobre a possibilidade de assumir um assento no Conselho de Estado do governo do presidente Daniel Francisco Chapo. “Eu recebi diversos embaixadores que tocaram nesse assunto.
A Constituição é clara quanto ao direito do segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais de ocupar esse cargo, e é um direito constitucional.
Porém, esse assento só será válido se as medidas que forem tomadas estiverem em conformidade com o que o povo precisa”, destacou.
Mondlane, foi enfático ao afirmar que seu ingresso no Conselho de Estado não será uma questão de imunidade ou protecção pessoal, mas sim uma resposta ao que ele considera serem as precondições mínimas para um real compromisso com a mudança política no país.
“Não vejo razões para ocupar o cargo caso as condições não beneficiem o meu povo. O povo moçambicano foi o principal motor das manifestações, e foram eles, as mães, os jovens, os trabalhadores, que deram corpo a essa luta”, explicou, ressaltando que as reivindicações não devem ser ignoradas.
O líder fez uma comparação entre sua candidatura à posição de conselheiro e a exclusão política que, segundo ele, é visível no actual cenário de diálogo entre as principais forças políticas do país.
“Naturalmente, é um facto que eles não me querem lá. O jogo político é assim: quem é considerado um bom jogador, em vez de ser incluído, acaba muitas vezes marginalizado, como se fosse uma ameaça”, disse, referindo-se à tentativa de minimizar sua participação nas negociações políticas.
Venâncio Mondlane, também criticou a falta de respostas claras por parte das autoridades moçambicanas, incluindo o Ministério Público, sobre os processos judiciais que o envolvem. “Fui acusado de vários crimes, mas até hoje não fui contactado pela justiça.
Na verdade, fui eu quem procurei o Ministério Público pedindo informações sobre os processos, mas, até o momento, não obtive resposta. Isso levanta questões sobre a transparência e seriedade do sistema”, afirmou.
Ele também fez uma referência indirecta ao comportamento da Procuradoria Geral da República (PGR), afirmando que algumas acções do governo, como a verificação de registos em gabinetes públicos, não são mais do que um jogo político para desviar a atenção dos reais problemas que o país enfrenta.
“Parece que o PGR têm muito tempo livre para se preocupar com detalhes irrelevantes, como se um “ JORNAL DO POVO” tivesse sido registado correctamente. Isso não resolve os problemas do povo”, comentou.
Ao longo da entrevista, Mondlane reafirmou seu compromisso com a justiça social e com os direitos dos moçambicanos. “A luta que travamos nas ruas, nas manifestações, foi uma luta legítima e de cidadania.
O povo não pode ser esquecido agora. Se o governo não tomar medidas concretas para melhorar a vida do povo, não tenho interesse em ocupar uma cadeira no Conselho de Estado”, concluiu.